terça-feira, 24 de julho de 2018

Crescer é duro, mas vale a pena.

Não me lembro quando foi que virei adulta. Na verdade, nem sei se já sou. O fato é que tenho mais dúvidas do que certezas, e acho até que tenho ainda mais dúvidas do que tinha antes. Por isso, tenho uma tese de que ficamos mais velhos e menos adultos. Talvez porque as dúvidas sejam muitas, e buscamos mais respostas. Por exemplo, faz três anos que terminei o meu relacionamento mais longo e duradouro e, depois disso, vieram algumas decepções e muita vontade de ficar mais comigo mesma. Eu comecei esse relacionamento com 19 anos, e, embora tenha sofrido em algumas situações, não havia terminado algo tão sério e ainda por cima me enxergado com 25 anos de idade, aquele número da crise do não tão jovem e nem tão velho. Talvez eu tenha pensado: e agora?

Bem, eu me (re)descobri demais nesses últimos 3 anos.Uma das coisas mais importantes que me aconteceu foi conhecer o lugar que quero morar (alô, Sampa), e que tô lá sempre que dá (depois conto a história de quando peguei a mochila, enfiei roupa dentro, liguei pra uma amiga paulistana e resolvi ir pra rodoviária pegar o ônibus pra cidade). E fui percebendo que deixar a vida te levar pode até ser bacana. Claro que isso depende de pessoa para pessoa, mas pra mim, que sempre tentei controlar a vida, era uma descoberta incrível.

Deixa eu enumerar então coisinhas importantes para refletir nesses três anos que chamo de verdadeiramente adulta (ou de repente 25): conheci São Paulo (e olha no que deu), me apaixonei que nem adolescente (ISSO NUNCA TINHA ACONTECIDO EM TODA MINHA VIDA ADEUS RACIONALIDADE), fiz terapia com os vídeos da Flávia Melissa (obrigada, querida!), trabalhei muito mais do que deveria, passei na seleção do mestrado em Literatura. Por último, mas não menos importante, resolvi priorizar algo que me chamava há anos, mas eu não percebia, que era viajar. Além de São Paulo, fui pra Vitória, Vila Velha, Guarapari, Petrópolis, Paraty, São João Del Rei, Tiradentes, Porto Alegre, Gramado, Cambará, Salvador, Chapada Diamantina e descobri que eu quero isso tudo pra minha vida pra sempre, porque viajar me faz sentir viva. Não foram viagens internacionais, mas eu tô muito nacionalista (oi, Policarpo Quaresma) e quero descobrir meu Brasilzão. Ainda volto pra aula de piano e voz e saio cantando em bares por aí (sonho de menina, sabe?).

Tem muito mais coisa pra descobrir e eu já consigo perceber e entender muito mais meus sentimentos. E isso já me faz bem feliz. Quando eu disse que ficamos mais velhos e menos adultos é porque geralmente não temos mais todas aquelas certezas que tínhamos quando jovens, vemos que o tempo tá passando (e às vezes até nos desesperamos), mas a independência nos permite descobrir coisas novas e como sair delas. Muitas vezes você vai passar por isso e querer morrer (sem exagero), mas dorme que passa. No dia seguinte, sai pra ver o mundo (seja qual parte dele for), respira fundo e levanta a cabeça (senão a coroa cai!).

Crescer é duro, mas vale a pena. Mantenha-se firme!

domingo, 24 de junho de 2018

O que os quase 30 me ensinaram.

Há anos que não atualizava este blog. Me peguei pensando no quanto ter uma plataforma para escrever estava se fazendo essencial na minha vida, neste momento. Sempre escrevi e continuarei com esta prática, mas o mundo ''pós'' moderno nos impulsiona muito mais a mostrar o que fazemos. É inevitável.
De todo modo, não quero entrar nesse assunto. Não agora.

Escrevo este texto, depois de anos, diretamente na caixa de postagem do site. Li o primeiro item da minha publicação anterior, cujo tema é a série Gilmore Girls e me veio a cabeça algo a escrever imediatamente (aliás, dentro desses três anos que não publico aqui, a Amy Sherman-Palladino, autora da série, criou e lançou Um ano para Recordar, nova temporada tardia de GG). Eu dizia, no referido item sobre os motivos para assistir ao seriado, que meu foco era a personagem Rory. No meu momento atual (e não sei se o fato de estar mais perto dos 30 anos ajudou nisto), o pensamento foi o seguinte: como Rory? Não, a Lorelai, definitivamente, é meu foco visual ao assistir toda a série. E digo com propriedade: assisti novamente as Gilmore e me identifiquei, desta vez, em grande parte com a mãe!


Não pretendo entrar no nível narrativo, embora a personagem tenha frases e sacadas, além de atitudes com as quais eu me identifico. Mas acredito que o que mais me provocou visualizar Lorelai com maior profundidade, assim como eu fazia  com a Rory quando adolescente, ou ainda enquanto estudante de graduação, foram as responsabilidades maiores que se apresentam para mim nesses últimos anos na casa dos 20.
Penso que a Lorelai tem um jeito incrível de lidar com a vida: foi mãe cedo e se responsabilizou totalmente pela vida de uma criança; optou pela sua liberdade acima da riqueza dos pais; e foi sempre em busca de uma vida melhor para ela e para Rory, indo atrás de seus sonhos mesmo quando talvez acreditava ser tarde demais: se formar em Administração e ter sua própria pousada.


E por que isso, de alguma forma, me ajudou tanto? Me fiz essa pergunta, claro. Afinal, eu tive uma vida muito mais Rory quando nova: adorava ler - e não fazia outra coisa quando adolescente- , entrei na faculdade e tive oportunidade de estudar quase que tranquilamente, e não tenho filhos ou maiores responsabilidades. Porém, a vida não é uma ficção, cuja história está pronta e depende de um roteirista que decide quem vai ser ou ter o quê. Desta forma, eu tive e tenho tantos problemas e inquietações quanto Lorelai tem.


Sinto como se estivesse no entremeio dessas duas personagens, permeada de sonhos urgentes e orgulhosa de minha trajetória como estudante, assim como Rory, mas também inquieta e mais angustiada diante da vida, e, por isso, optando por me libertar de muitos padrões sociais, como Lorelai. Acho mais incrível ainda pensar em Lorelai com esses paradoxos, pois ela é uma mulher completíssima: sofreu muito, buscava um amor sólido, se entristecia muitas vezes, mas compreendia que tudo fazia parte da vida, e conseguia, assim, olhar para os problemas do lado de fora, esperando que passassem, ao invés de se desesperar como eu fazia quando era mais imatura.
Acho que Lorelai me ensinou isso, a ser menos mimada e continuar seguindo em frente, ainda que com medo e dor.